Mamãe costura e esta noite vou te ver

A perspectiva de ler as memórias de Sylvia Bandeira, uma atriz conhecida por sua vida aventurosa e decidida a falar sobre suas experiências, no mínimo nos provoca a curiosidade.

Mergulhar na leitura desse livro transforma a curiosidade em fascínio.

As descrições de Sylvia e, principalmente, suas reflexões ao se deter sobre seu tão movimentado passado e o contraponto com seu sereno olhar do presente mobilizam um interesse que faz com que seja difícil largar o livro antes do fim.

Este é um livro de fácil leitura, embora intenso e reflexivo. E muito bem-escrito, feito com o característico empenho que Sylvia coloca em tudo que faz – seus amores, seus filhos, sua vida, sua carreira de atriz.

Ao final fica o desejo de continuar a ler, como se fosse difícil deixar a companhia de Sylvia para mergulharmos em nossos próprios pensamentos e reflexões estimulados pelo texto.

E vale a pena ler de novo…

LUIZ ALBERTO PY

Prólogo

“I am not going to tell you the story the way it happened, I´m going to tell it the way I remember. But what color it may be in memory, depends on the day.”[1]

Essa frase de Charles Dickens descreve o jeito desse livro, escrito em diferentes tempos de minha vida. Vou contar a história como a recordo e não necessariamente como ela aconteceu de fato. E a cor que essa memória trará à tona depende do meu estado de espírito daquele dia em que me pus a escrever.

Passei a vida escrevendo na imaginação um livro hipotético. Rascunhei em folhas espalhadas, máquinas de escrever que não mais existem, na cidade grande, no campo, no computador, no lap top as mais variadas histórias, sem nunca definir contornos e limites: um diário, uma biografia, uma memória, um romance inventado.

Conheci o escritor premiado Luiz Ruffato e comecei a frequentar um workshop literário ministrado por ele. Foi através dele, do seu incentivo e de seus comentários que finalmente tomei coragem para transformar em realidade o livro idealizado. E assim escrevi, com minha ótica e meu jeito de perceber as coisas que iam acontecendo.
A criança viu de um jeito, a adolescente e jovem mulher de outro; a atriz vê o mundo do faz de conta e a mulher madura de hoje tenta juntar todas essas vozes, sem retirá-las dos espaços onde dançaram em outros tempos.

[1] “Não vou contar a história como ela aconteceu e sim como eu me recordo. Mas seja qual for sua cor na minha memória, certamente dependerá do dia”.

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